domingo, 24 de julho de 2016

Jejum 17 de tamuz

Diz o Tratado Ta'anit 28b:
(...) A 17 de tamuz (Moshê) desceu, parou, e quebrou as Tábuas, conforme está escrito (Êxodo 32:19): E foi que, ao se aproximar do acampamento e ver o bezerro, arremessou de suas mãos as Tábuas e as quebrou no pé do monte. (...)
Quem conhece a história do povo judeu sabe que as desgraças costumam se acumular em determinadas datas, que são tidas como dias de luto ou semi-luto. E cada data foi assim "fixada" por D'us em conformidade com determinadas transgressões cometidas pelo povo como um todo. A data de 17 de tamuz (que este ano de 5776/2016 caiu no shabat que passou, então o jejum foi postergado para hoje) é uma delas, e teria sido fixada por causa do pecado do bezerro de ouro.
Quem estudou o livro O Cuzarí compreende qual foi a verdadeira transgressão do povo com o bezerro: o povo não se conteve em esperar as ordens de D'us sobre como Ele deseja que seja feito o servço divino, e então fez um bezerro na tentativa de representar D'us e adorá-Lo, o que fica explícito na fala que eles declaram ao concluir (Êxodo 32:4) "Este é teu D'us, Israel, que te tirou da terra do Egito...". Como o foco do povo não era servir outro deus, mas servir a D'us apesar de estarem buscando fazer "do seu jeito", a transgressão não teve nem de longe a severidade do caso dos espiões, que ocorreu em 9 de av, e portanto 17 de tamuz não é tão severo a ponto de termos que fazer um jejum que dure o dia inteiro, mas desde o amanhecer até o por do sol.

O Tratado Ta'anit 28b continua:
(...) Foi interrompido o sacrifício contínuo (...)
A mitsvá de sacrifício contínuo era uma das principais formas de conexão entre D'us e o povo judeu, que deveria ser realizado todo dia, sem exceção. Ao ser interrompido, o povo entrou em desespero, percebendo a gravidade dos erros que haviam cometido.

Ainda mais diz o Tratado Ta'anit 28b sobre 17 de tamuz:
(...) A cidade (de Jerusalém) foi capturada. Foi no dia 17? Há o texto (Jeremias 52:6) 'No quarto mês (tamuz), ao nono do mês, aumentou muito a fome na cidade', e o texto logo em seguida (Jeremias 52:7) 'E a cidade foi capturada'. Disse Rava: Não há contradição aqui entre o primeiro e o segundo, porque na primeira vez a cidade foi capturada em 9 de tamuz, e da segunda vez em 17 do mesmo mês. Apostomus queimou um Sefer Torá; foi erguido uma estátua de idolatria no Heichal (o prédio interno do Templo) - de onde vem? Como foi escrito (Daniel 12:11) 'E desde o momento em que for anulado o sacrifício contínuo e ser colocado a abominação repugnante'. Uma (imagem) era? E o escrito (Daniel 9:27) 'E sobre as asas das abominações repugnantes'. Disse Raba: Eram duas, sendo que uma caiu sobre a que estava ao seu lado e se partiu no chão (...)

Em resumo: o jejum de 17 de Tamuz serve como lembrete de todos os nossos erros, não com o intuito de nos fazer sofrer à toa, mas de nos despertar à teshuvá e à retificação do mundo como um todo.

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