O judaísmo é uma religião que já tem mais de três mil anos de idade, tendo sua verdadeira data de surgimento com a entrega da Torá no Monte Sinai. Desde então, muito aconteceu, o judaísmo se desenvolveu, o povo amadureceu. Infelizmente, cerca de dois mil anos atrás saimos para o exílio que perdura até hoje e, como se não bastassem as perseguições e risco de desaparecer como povo no meio das nações, alguns grupos passaram a se denominar judaísmo sem o serem. Há muitos séculos houve um grande sábio do povo judeu, Rabi Moshe ben Maimon (conhecido pelos ocidentais como Maimônides), que redigiu os treze princípios básicos do judaísmo - uma forma de identificar quem de fato é. De cada princípio, várias coisas derivam, e eu tentarei fazer um breve resumo em cada um dos Treze Princípios. Cada um começa com "Eu acredito com confiança plena..."
01) ... que o Criador - bendito seja Seu Nome - é quem cria e conduz a todos os seres criados, e Ele apenas fez, faz e fará todas as obras.
Este dispensa comentários: D'us apenas e ninguém mais.
02) ... que o Criador - bendito seja Seu Nome - é Único e não há Unicidade como a dEle de qualquer maneira, e apenas Ele é nosso D'us, o que foi é e será.
Apesar de à primeira vista ser o mesmo que o anterior mas apenas com palavras diferentes, este daqui traz uma informação a mais: D'us não é um "ser" que esteja associado a outro na partilha da divindade, a exemplo das crenças politeístas, mas Ele é apenas UM e não há qualquer que se assemelhe a Ele.
03) ... que o Criador - bendito seja Seu Nome - não é corpóreo e em nada pode se assemelhar a um corpo, e não carrega semelhança com qualquer forma que seja.
Este princípio aparenta contraditório, já que em muitos casos D'us é citado como tendo "rosto", "mão", "costas", etc...: na realidade, essas comparações são apenas para ilustrar um conceito, e não se trata de D'us ter alguma forma de fato.
04) ... que o Criador - bendito seja Seu Nome - foi o Primeiro e será o Último.
Ele precedeu a Criação e perdurará independente de qualquer coisa que venha a acontecer.
05) ... que o Criador - bendito seja Seu Nome - é o único e apenas a Ele se deve louvar, e a ninguém além dEle se deve louvar.
Apenas a D'us e a mais ninguém: o povo não adorou Moshe Rabeinu a"h, não se adora anjos nem a quem quer que seja: apenas a Ele, e a nada que venha a ser seu representante, seja quem ou o que for.
06) ... que todas as palavras dos Profetas são verdade.
Já que os profetas eram ordenados a falar pelo próprio D'us, então natural que o que eles falassem fosse verdade.
07) ... que a profecia de Moshe Rabeinu a"h era verdadeira, e que ele era o maior dos profetas, tanto dos que o precederam como dos que o sucederam.
A profecia de Moshe Rabeinu a"h era tão elevada que "falava com D'us face a face (intimamente)", e mesmo o Mashiach não terá um nível de profecia tão elevada quanto a dele.
08) ... que toda a Torá que temos até hoje em nossas mãos é a que foi dada a Moshe Rabeinu a"h.
Mesmo depois de tanto tempo de exílio e milênios de falta de contato entre uma comunidade e outra, os Sifrei Torá continuam sendo exatamente o mesmo em cada uma das letras, e isso mostra seu nível de confiabilidade: comunidades judaicas da Europa tem a mesma Torá com as mesmas letras sem uma única diferença sequer quando comparadas com as da comunidade no Yemen, que viveu isolada por milênios, ou de qualquer outra parte do mundo.
09) ... que esta Torá não será trocada e que não haverá outra Torá vinda da parte do Criador - bendito seja Seu Nome.
Nunca a Torá será anulada, já que é "por estatuto perpétuo". Simples assim.
10) ... que o Criador - bendito seja Seu Nome - é quem conhece todas as obras dos seres humanos e todos os seus pensamentos, como foi dito (Salmo 33:15): Aquele que sozinho forma os seus corações (dos homens) é o que entende todas as suas obras.
Comentários são desnecessários aqui e, se você cumpre um mandamento de má vontade, pode até ter algum mérito, mas será bem menor do que se os cumprir por amor a D'us e à Sua Torá.
11) ... que o Criador - bendito seja Seu Nome - concede o bem aos que guardam Seus mandamentos e pune aos que passam (transgridem) Seus mandamentos.
Nem tudo é pago aqui no Mundo Presente, mas certamente será pago no Mundo vindouro.
12) ... na vinda do Mashiach, e ainda que ele se demore, contudo ainda assim aguardarei por ele todo dia até que venha.
Traduzindo: nenhum ramo do judaísmo diz que o Messias já veio e executou o que deveria ser executado (a maioria das coisas que devem ser feitas pelo Mashiach estão compiladas pelo próprio Rambam na sua obra magna, Mishne Torá - Leis dos Reis e das Guerras, capítulos 11 e 12). Se algum se proclama judaísmo e diz que já veio, não é judaísmo (sim, messiânicos, isso foi uma indireta).
13) ... que haverá a ressurreição dos mortos no momento em que assim for da vontade do Criador - bendito seja Seu Nome - e será erguida Sua lembrança eternamente e para todo o sempre.
Isso vem de uma pequena passagem citada no livro de Daniel (12:2), e ao que me lembro é a única a falar abertamente que haverá a ressurreição dos mortos.
Esses são os 13 pilares do judaísmo. De certa forma, várias coisas derivam deles, como por exemplo a obediência às leis da Torá (que inclui as questões ligadas à conversão - fica de aviso), a crença de que o Messias ainda está por vir, dentre outros. Qualquer movimento que se proclame judaísmo e não tenha consigo esses treze princípios, tenha certeza de que não é judaísmo.
Nota: lembre que Rabi Moshe ben Maimon não criou esses princípios, mas sim os "condensou" a partir da própria Torá e das leis judaicas. Portanto, ele não deve ser considerado como o autor, mas apenas o "compilador".

Nenhum comentário:
Postar um comentário